Pesquisa: quase 50% das vítimas de homicídio usavam álcool e drogas
Quase metade das vítimas de homicídios na Grande Vitória possuíam drogas ou álcool no sangue.
Esse foi o resultado da análise feita pelo farmacêutico e doutor em Ciências Fisiológicas, Evandro Carlos Lebarch, que trabalha na área de Toxicologia do Serviço de Laboratório Médico Legal da Polícia Civil. Ele analisou amostras de 485 pessoas assassinadas em 2017 e descobriu que 48,7% delas tinham resultado positivo para álcool, cocaína, crack ou uma combinação dessas substâncias.
Esse foi o resultado da análise feita pelo farmacêutico e doutor em Ciências Fisiológicas, Evandro Carlos Lebarch, que trabalha na área de Toxicologia do Serviço de Laboratório Médico Legal da Polícia Civil. Ele analisou amostras de 485 pessoas assassinadas em 2017 e descobriu que 48,7% delas tinham resultado positivo para álcool, cocaína, crack ou uma combinação dessas substâncias.
"À medida que os cadáveres chegavam ao Departamento Médico Legal de Vitória, o sangue era coletado e congelado para análise", explica. Foram excluídos os corpos que passaram por hospitais antes da chegada ao DML, já que, quanto maior o tempo de espera, maior a chance de o corpo metabolizar a substância
Em 2015, um estudo já havia mostrado que 44% das vítimas de homicídio tinham cocaína na urina, no entanto, nunca havia sido feita no Espírito Santo uma pesquisa envolvendo também o álcool e o crack.
Das vítimas que testaram positivo para as substâncias, 33% tinham a presença de mais de uma segunda droga no sangue. "A gente ficou surpreso em relação aos resultados positivos de cocaína e crack. É uma população muito jovem e uma quantidade muito grande de drogas. A mistura das duas é altamente tóxica e compromete a saúde do individuo, é um problema de saúde publica", analisa o pesquisador.
Segundo Lebarch, os níveis mais altos das substâncias analisadas estavam em homens jovens e mulheres. "Nas mulheres havia concentração muito alta de álcool e drogas. Já entre homens jovens, de menos de 30 anos, havia a presença forte do crack", detalha.
“Na pesquisa utilizamos métodos para identificação e quantificação de álcool, cocaína e seu principal metabólito benzoilecgonina (BEG), e ainda a anidroecgonina metil éster (AEME), substância produzida na pirólise do crack, que é indicativa de uso dessa droga", esclarece.
A pesquisa de doutorado de Lebarch foi apresentada no dia 28 de agosto, na Universidade Federal do Espirito Santo (Ufes) e foi feita em parceria com o Serviço de Laboratório Médico Legal da Polícia Civil .
AMOSTRA
Dos 485 cadáveres analisados na pesquisa, 90% eram homens. A maioria era jovem, entre 18 e 30 anos, de cor negra ou parda. As mortes foram provocadas em 88,7% por armas de fogo, seguido de armas brancas com 8,7%.
Dos municípios da Grande Vitória, a Serra registrou maior parte das vítimas de assassinato (34%). Em seguida vem Vila Velha, com 23%, Cariacica com 21%, Vitória com 16% e os demais municípios somados contabilizaram 6% das mortes.
E O QUE OS DADOS DESSA PESQUISA PODEM INDICAR?

Coronel José Vicente da Silva Filho é ex-secretário nacional de Segurança Pública
Foto: Reprodução
De acordo com o coronel José Vicente da Silva, ex-secretário nacional de Segurança Pública e consultor de segurança, para entender a relação do uso de substâncias psicoativas e as mortes por homicídio é preciso analisar também as circunstâncias das mortes.
"Um fenômeno que se considera é o fator 'criminogênico': as drogas e o álcool podem fomentar crimes. A pessoa afetada perde condições de analisar os contextos e perde a capacidade de avaliação da consequência dos seus atos", diz.
Segundo o especialista, pesquisas feitas anteriormente mostram que muitos assassinatos acontecem próximos a bares nas periferias. Em Brasília, uma pesquisa medindo o nível de álcool em vítimas de homicídios mostrou que 43% apresentaram alcoolemia positiva (maior que 0,2 g/l), revelando que o consumo de álcool foi um fator frequente entre as vítimas.
"O problema não é somente a ingestão da drogas e álcool, mas também o ambiente em que a pessoa está. Em ambientes de descontrole social, o uso de drogas se torna um fator adicional", esclarece.
Fonte-gazetaonline

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