Por que ajudar alguém com dependência química também é minha responsabilidade?
Pensando em trazer mais informações úteis sobre esse tema, eu resolvi escrever sobre a necessidade de ajudar um dependente químico, e te mostrar como isso pode influenciar de forma positiva em diversos aspectos sociais, familiares, físicos e econômicos.
É verdade que grande parte da população não consegue entender por que algumas pessoas se tornam viciadas em substâncias psicoativas ou como as drogas podem mudar o cérebro de alguém (promovendo o abuso dessas substancias). Elas consideram erroneamente que o abuso de drogas é simplesmente um problema social e caracterizam moralmente como fracos aqueles que são dependentes.
Ao final desse texto, quero eliminar de vez a crença comum de que pessoas dependentes de substâncias psicoativas são capazes de parar por conta própria de tomar drogas no momento em que desejarem.
Eu sei que você já subestimou esse problema, sei disso porque há alguns anos atrás eu pensava dessa forma, não conseguia entender a complexidade da dependência química – uma doença que afeta o cérebro e, por isso, parar o abuso de drogas não é simplesmente uma questão de força de vontade.
Por conta disso eu me comprometi em compartilhar esse conhecimento com o maior número de pessoas, e esse comprometimento tem se materializado com as publicações aqui no blog. Espero que goste do conteúdo que preparei para vocês.
Para que você possa entender o assunto da melhor maneira possível, eu resolvi dividi-lo da seguinte forma:
- Reconhecendo a dimensão do problema;
- Eu não sou um dependente químico, por que eu deveria me preocupar com isso?
- 7 razões para você começar ainda hoje a ajudar um dependente químico;
- Entendendo a importância da reintegração de dependentes químicos;
- Conclusão.
Reconhecendo a dimensão do problema
O uso de substâncias psicoativas é algo que ocorre de forma universal, e é considerado uma condição de difícil contato inicial e intervenção terapêutica. É uma condição complexa, e suas causas estão relacionadas a fatores sociais, biológicos, culturais e de cunho filosófico, esses que representam a essência das relações humanas.
A dependência química tem tornado difícil a vida das famílias e causado grandes desafios para sociedade política, essa que necessita urgentemente de medidas institucionais que visem garantir não só o tratamento, mas também a reinserção na sociedade de dependentes químicos.
Para se ter ideia da dimensão desse problema, no Brasil, cerca de 8 milhões de pessoas são usuários dependentes de maconha e/ou álcool e/ou cocaína, representando quase 6% dos brasileiros. O que de acordo com o II Levantamento Nacional de Álcool e Drogas – II LENAD, mostra uma relação do convívio direto com dependentes químicos ligados a 28 milhões de pessoas.
Dessa forma, combater e prevenir a dependência química se torna um papel nosso enquanto cidadãos. A dependência química está matando nossos jovens, matando nossos talentos, tirando nossa qualidade de vida, gerando implicações sociais graves, monetárias e de saúde pública.
Eu não sou um dependente químico, por que eu deveria me preocupar com isso?
É verdade que ao longo dos anos temos nos tornado cada vez mais individualistas e insensíveis, e isso é algo difícil de aceitar. Mas só existem dois motivos para você ter chegado até esse ponto do texto, ou você possui algum familiar dependente químico e gostaria de encontrar forças (diga-se, motivos) para ajudá-lo ou você é dependente de substâncias psicoativas e está procurando ajuda (diga-se, conhecimento e orientações profissionais).
A boa notícia é que eu escrevi esse texto pensando em vocês dois, seja como forma de te gerar mais aprendizagem sobre essa condição, ou seja como forma de acabar de vez com tudo que te impede de começar ainda hoje a ajudar alguém com dependência química, seja seu familiar ou não.
7 razões para você começar ainda hoje a ajudar um dependente químico
É uma doença
Um dos principais órgãos de saúde mundial, a Organização Mundial da Saúde – OMS, entende a dependência química como um conjunto de doenças. Então, pare de pensar que a dependência de substâncias psicoativas é “falta de vontade de parar”! Todos merecem ter o direito e o respeito sobre sua condição.
Estamos perdendo talentos
É verdade, o uso abusivo e a dependência por essas substâncias está fazendo com que deixemos de conhecer talentos. Poderia ser o futuro juiz da sua cidade, ou o carteiro (sim, aquele que mesmo cansado te dá um sorriso e bom dia todos os dias) e até mesmo aquele ou aquela que você tanto amou e queria formar uma família. Poderia ter sido até eu, e se não tivesse tido incentivo e ajuda em algum momento da minha vida não estaria aqui compartilhando esse conhecimento com vocês.
Pois é, não devemos perder nossos jovens, as crianças que existem dentro de nós, nossos talentos e muito menos a esperança por dias melhores.
É uma doença que possui múltiplas causas
É uma condição gerada por diversos fatores que atuam ao mesmo tempo, e em que alguns pacientes pode predominar um ou outro fator. Por isso sua tamanha complexidade.
Tem acometimento progressivo
Caso o dependente químico não receba tratamento adequado, a dependência química continua piorando com o decorrer do tempo. Por isso, é nosso dever está apto a identificar esses casos dentro e fora da nossa família, contribuindo para que que o diagnóstico seja feito o mais precoce possível, evitando complicações futuras.
É uma condição crônica incurável
Assim como o diabetes, não existe cura, ele será sempre um diabético ou dependente. Por mais que o dependente esteja em uma clínica de recuperação ou não, esteja usando drogas ou não, sempre será um dependente. E são nesses casos em que possuímos grande participação nesse processo, pois o tratamento é marcado por altos e baixos. Está presente e demonstrar confiança em sua recuperação é sempre importante.
Existe tratamento
Sim, apesar de que seja incurável, a dependência de substâncias psicoativas possui tratamento. Nesse tratamento, o primeiro passo é a vontade do paciente de querer se tratar. Apesar de nunca mais poder fazer uso dessas substâncias como forma social ou recreativa, os impactos da ausência dessas drogas são muito positivos.
É uma doença familiar
Conviver com alguém que é dependente de substâncias psicoativas pode resultar no adoecimento de seus familiares. Sim, é comum que muitos se sintam extremamente afetados emocionalmente.
Os familiares também precisam de tratamento e orientação, são inúmeras as dúvidas que surgem, principalmente ao longo do processo de recuperação de seu familiar. Sendo necessário entender como lidar com o dependente, o que fazer, o que não pode fazer e como pode si proteger e proteger o restante dos membros da família.
Entendendo a importância da reintegração de dependentes químicos
O processo de reintegração de dependentes químicos na sociedade é um assunto extremamente discutido e permanece como situação não resolvida em diversas nações do mundo. Essa é uma temática muito sensível, porque afeta diretamente grande parte da estrutura básica de nossa sociedade: a família.
É muito lamentável ver que as drogas acometam um grande número de pessoas ao redor do mundo, das quais a grande maioria são pessoas talentosas e habilidosas.
Dentro dessa perspectiva percebemos que existe um grande estigma associado a dependentes químicos, relacionando o rumo de sua vida sob a influência das drogas da seguinte forma: falência financeira, física, emocional, mental e espiritual. Além disso, afirmando que a falência financeira estará sempre associada a uma vida de crimes.
A verdade é que uma porcentagem considerável desses dependentes em tratamento, desejam mudar de vida, recomeçar, mas no momento em que mais precisam de ajuda a sociedade não os acolhe. E por conta desses motivos, quase todos passam por recaídas e voltam para a mesma vida de antes.
Por fim
Todos nós temos uma responsabilidade para com os nossos semelhantes, e isso é manter a mente aberta e oferecer ajuda as pessoas que estão passando por uma fase difícil em suas vidas e dar a eles a chance de se reerguerem. Grande parte desses dependentes em recuperação, sentem imensa tristeza por saberem tudo o que perderam e a mágoa que causaram em seus entes queridos.
Se não pudermos ajudá-los ativamente, nos envolvendo em grupos de apoio e programas de reintegração social, podemos ao menos diminuir o estigma associado aos dependentes em recuperação. Como? Buscando conversar com eles, dizer que a vida está cheia de esperança, que existe um futuro belíssimo esperando por cada um de nós. Tudo o que temos de fazer é trabalhar duro para isso.
Mantenhamos a mente sempre aberta, buscando acolher e reintegrar nossos irmãos e irmãs de volta à sociedade. Eles foram criados para ter as mesmas oportunidades que nós tivemos. E é por isso que temos a responsabilidade de ajudar e fazer parte do tratamento de dependentes químicos, seja de forma ativa ou passiva

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